quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Run, Rubens, Run!

Ou, de como Rubinho é injustiçado.

Hoje estava no Superesportes vendo notícias do Atlético quando me deparo com a seguinte matéria:

Sem apoio da Honda, Rubinho conta com fãs para seguir na F1.

Na boa, que sacanagem. Falando sério.

Barrichelo surgiu como uma revelação no kart brasileiro nos anos 80. Foi cinco vezes campeão nacional, o que lhe proporcionou uma vaga na Fórmula Opel e em seguida na Fórmula 3 Inglesa (tendo como seu coadjuvante, David Coulthard). Aos 19 anos, foi competir na Fórmula 3000, que hoje é a GP2. Em seguida, sua grande chance. Em 1993, estrearia na F1.

E daí tudo começou. Estreou justo no ano do vice campeonato do Senna. E em 94, todos sabem que grande perda o automobilismo nacional teve. Dai começaram as cobranças. Por melhor piloto que o Rubens fosse, sempre ficava a lacuna de gênio a ser preenchida com a morte do Ayrton. E ele sentiu isso. Passou anos como mero participante, limitado pelo carro que pilotava. Passou por Jordan e Stewart, onde após alguns bons resultados acabou despertando a atenção da milionária McLaren que, em 99, havia acabado de ser campeã do mundo com o finlandês Mika Hakkinen. A partir desse interesse, Rubinho acabou atraindo a Ferrari... E aí sim, viria uma chance pro paulista brilhar.

Ledo engano. Rubinho entraria mais uma vez no posto de coadjuvante. Mas dessa vez, participou de uma das duplas mais vitoriosas da história do automobilismo, mesmo que quem vencesse na grande maioria das vezes fosse seu parceiro. Vale dizer, que nesses anos a Ferrari sobrou tanto no campeonato que Rubens sagrou-se vice campeão em duas oportunidades. Seu período na Ferrari continuaria assim. No penta (seguido) de Schumacher, Rubinho teve papel importante em todas as temporadas. Conquistou inclusive algumas vitórias (9, no total), incluindo a mais emocionante que eu já vi.

Rubinho largou em decimo oitavo. Era o circuito de Hockenheimring, na Alemanha. Logo na largada, Michel Schumacher bateu. Entre muitas idas e vindas, Rubinho foi ganhando posições. Lembro-me como se fosse ontem. Simplesmente genial. Quando nos assustamos, Rubinho já estava pontuando. E num daqueles dias que tudo deu certo, numa chuva que atrapalhou a todos menos ao brasileiro, ele recebeu de presente a primeira colocação. Lembro até hoje da discussão entre Reginaldo Leme e Galvão Bueno (duas velhas ranzinzas, como diz meu pai) discutindo sobre a estratégia do piloto em não parar para trocar os pneus. Rubens contrariou inclusive o chefe de equipe. Foi emocionante até o fim, e como não tinha idade na época do Ayrton, foi meu primeiro tema da vitória. Emocionante. Inesquecível.

Depois vieram outras vitórias, mas aquela é inigualável. Nenhum piloto vai conseguir algo parecido. Nunca.

E isso fez Rubens eterno, pelo menos pra mim. Mesmo sendo chacota no Brasil, alvo constante de programas de tv e etc., Rubinho nunca abaixou a cabeça. E isso faz dele um vencedor. Segundo Reginaldo Leme (um dos maiores conhecedores de automobilismo do país), o maior corredor em pista molhada que a F1 já viu.

Voltando ao assunto do começo, tremenda babaquice da Honda não renovar com o Rubinho. Uma vez que o carro não é competitivo, nada mais justo que prestar uma homenagem ao piloto com maior número de GPs disputados. Provocar a aposentadoria "forçada" de um ícone como esse, é um tiro nos pés.

Toda a sorte no mundo pra esse ídolo do esporte.

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Now playing: Camisa de Venus - Não Sou Passageiro
via FoxyTunes

2 comentários:

Anônimo disse...

"Depois vieram outras vitórias, mas aquela é inigualável. Nenhum piloto vai conseguir algo parecido. Nunca."

Amém!!!!

Dale Rubinho, pudia ensinar uns truques pro Massa, porque esse sim que é bastante fraco.

André Maciel disse...

Rubinho é um Rivaldo da vida, joga muito, mas não é considerado gênio. A bronca de Rubinho é que quando ele teve a chance de demonstrar seu potencial ele disputava com algum gênio. O cara ficar na sombra de Schummacher é pra se foder! Não acho o fim da carreira de Rubinho melancólica, na formula 1 é assim mesmo, as novas gerações vão tomando conta e novamente entra o que eu falei no começo, essa nova geração que aí está é provavelmente a melhor de todos os tempos. Discordo do Leme quando ele diz que Rubinho foi um dos melhores em pista molhada, pode até ter sido um dos melhores, mas tá muito longe de um tal de Senna o qual eu tive o prazer de ver correr ainda apesar da pouca idade. Comparo a situação atual de Rubinho com a de Guga, o Brasil pra variar esqueceu tudo o que eles fizeram. Mas que se fodam os brasileiros, com certeza fora do país quando Rubinho parar vão chover homenagens a ele!

Ah, sobre o meu post, Lasier é rei, nada de coitado. E o que eu quis dizer com aquele post foi como a programação da tv aberta no Brasil é ruim e todos os adjetivos negativos possíveis.