sexta-feira, 25 de março de 2011

More a question than a curse...

Uma das coisas que eu mais gosto é falar sobre música. Acho engraçado isso, uma vez que meu gosto musical é meio diferente da maioria.

Não que meu gosto seja muito refinado, o que eu de bate pronto já discordo.

Acho que 70% da minha geração teve acesso ao "Tony Hawk's Pro Skater", aquele bom e velho jogo de video game de skate. Além de boas horas tentando acertar manobras e caindo muito tentando executar manuais e coisas do tipo (é um enigma pra mim como essa merda dava tantos pontos), eu curtia mais o jogo por conta da sua trilha sonora. Na época eu ainda era um pré adolescente saindo das fraldas (não que hoje eu seja muito diferente, aliás), mas confesso que o jogo foi meu primeiro contato com muitas bandas.

Rage, Ramones, Goldfinger, Suicidal Tendencies, Public Enemy (de onde eu tirei o "Bring That Noise", aliás), Fu Manchu... Acho que deu pra entender.

Esse gosto musical se manteve até hoje. Diversos amigos passaram por essa fase, inclusive indo pra outras bandas, mas eu continuei. Não sei se eles não são idiotas o suficiente, mas eu me mantive fiel.

Claro que eu tive minha fase reggae, que inevitavelmente acabou evoluindo pro ska, mas isso é assunto pra um outro post.

Me deparei hoje com um artigo escrito pelo Greg Graffin, vocalista do Bad Religion, banda que aliás, estava presente em algumas das OST do THPS... O Greg é um paleontologista respeito na gringolândia, dando inclusive aulas numa faculdade lá e talz. E me deu vontade de ouvir BR.

Não lembrava o quão genial eram as letras. O som, reconheço que é repetitivo, sem muitas variações de música pra música... Mas ainda assim... É sensacional.

Se você não conhece Bad Religion, fica a minha dica. Vou ver se revivo meus tempos de "Suicídio Social" (se você não sabe o que foi, perdeu!) e recomeço com as minhas resenhas. Até pouco tempo atrás eu tinha elas em arquivo, mas acho que perdi tudo.

Bom, um tempo atrás (coisa de 5 ou 6 anos) eu escrevia, no alto do meu ócio, resenhas de álbuns de punkrock e hardcore, no tom de brincadeira, pra um fórum que participava. Era um canal interessante, porque na época eu morava em Governador Valadares e não conhecia muita gente que compartilhava o meu gosto musical. Então, por meio de sites de download, acabei conhecendo o fórum e dentro de pouco tempo eu estava postando algumas resenhas. Despretenciosas, mas divertidas de se fazer. Divertidas de fazer porque invariavelmente me forçava a pesquisar sobre a banda, sobre o álbum. E me fazia conhecer coisas novas.

Hoje minha rotina não me permite mais esse luxo, mas ainda assim, continuo descobrindo coisas novas.

Vou tentar voltar à ativa.

Juro!


"Struck a nerve", de presente.

domingo, 20 de março de 2011

Ângulo.

Como pode, uma banda com álbuns tão bons, lançar um álbum extremamente ruim?

É o que me pergunto do Strokes.

O "Is this it" é genial, o melhor pra mim. Mas ainda assim, tivemos depois o "Room on fire" ("Reptilia" é a melhor de todas), depois o "First impressions of Earth" que pra mim, é regular.

E aí, depois de quase 5 anos de espera, vem o novo álbum. Fui seco procurar as músicas pra ouvir.

E decepcionei.

Meu diagnóstico veio após duas ou três passagens rápidas pelo álbum, então ainda não é definitivo, mas eu senti falta da guitarra suja de sempre e achei em excesso os sons de vídeo game.

Tirando "Under cover of darkness", achei o resto algo próximo à minha visão "não-strokesiana".

Tem alguém que lê essa m* aqui e compartilha a mesma opinião deste que vos escreve?

Edit: chama-se "Angles" a porcaria;

Bonus track: Reptilia!
http://www.youtube.com/watch?v=dtFDi5Dk3mg
(não consigo incorporar, mas clica aí que vale a pena!).

Malhação.

O roteiro de Malhação se repetiu do final dos anos 90, até o final dos '10. Pelo menos até onde eu pude acompanhar, era aquela velha história, um cara conhece uma mulher, eles se apaixonam mas não podem ficar juntos. Não podem por que? Porque um outro cara (ou outra menina), igualmente apaixonado (a) pelo principal (porém, sem coração puro, claro) entra na história e consegue a paixão deste por algum tempo. Isto claro, até o mocinho perceber que nasceu para estar com a mocinha e fim. Ou não, porque aí eles começam a ficar juntos e a pessoa largada volta com carga total a tocar o puteiro na vida deles e assim tentar reaver seu posto.

A lenga lenga é esta, invariavelmente. Só as pontas do triângulo mudam (ou dois homens e uma mulher, ou duas mulheres e um homem). Mas não foge disso.

Nas outras novelas é basicamente a mesma coisa, mas na Malhação isso sempre me intrigou.

Na época onde eu via (sim, eu via...) era sempre a mesma coisa. Acrescente a isto um esporte descolado e um ou outro personagem aleatório no colégio e bingo. Temos um roteiro de novela.

Até falava disso com uns amigos, tempos atrás (muito tempo mesmo, aliás).

O papel negativo das novelas nas vidas das pessoas sempre me intrigou. Homens, mulheres, velhos, jovens, crianças. Todos.

A mocinha maltratada, coitada, luta pelo amor do mocinho, o bom rapaz, e passam por apuros que até Deus duvida para, no fim, estarem juntos, casarem, terem um filho e viverem felizes para sempre. O vilão, por outro lado, no final é punido e se ferra, ou percebe os erros e muda da água pro vinho. Fantástico.

O problema é que a vida não é tão simples. Aliás, é simples, mas essa idealização faz com que a gente ferre tudo.

A idealização de qualquer coisa é bobagem. É errado, porque na vida real, as coisas não são perfeitas. Pelo contrário.

Então fica a dica. O seu par perfeito não vai estar bem humorado todos os dias, não vai gostar das mesmas coisas que você, não vai deixar de ser egoísta em algumas situações, e blábláblá whiskas sache.

Esse papinho de novela de viveram felizes para sempre fica em Jacarepaguá, ok? Prova disso é a volatilidade dos relacionamentos dos seres humanos (sim!) que vivem personagens na telinha.

Invariavelmente a vida imita a arte, isso é inegável. Mas esta idealização, sobretudo nesses tempos pra lá de liberais em que vivemos, acarreta em dezenas de ilusões e milhares de corações partidos.

Pra quê? Me pergunto...

quarta-feira, 2 de março de 2011

XVI

Eu tenho um professor que falou certa vez que quem quiser advogar, deve sempre buscar casos polêmicos para fazer fama. Eu, enquanto aspirante a advogado (um dos poucos da minha sala, diga-se), geralmente não tento polemizar nestes assuntos, apesar da minha opinião geralmente ser contrária à "massa crítica".

Vou tentar ser mais claro, outra vez, como sempre tento ser aqui no blog (que não passa de uma brincadeira minha), desta vez sobre a tragédia que aconteceu no Rio Grande do Sul, envolvendo o boliche-humano dos ciclistas:


Pra quem estava na lua, um resumo. Um grupo de playboys manifestantes se reúne no centro de Porto Alegre, sempre à última sexta do mês (e eu desconheço a frequência com que isso acontece), para protestar sobre os benefícios do uso da bicicleta como meio de transporte. O interessante, pra mim, é que eles só conseguem chamar a atenção pra isso dessa maneira, ou seja, atrapalhando o trânsito dos demais motoristas.

Se os ciclistas tivessem cumprido o que diz a lei e comunicado ao dep. de trânsito, falando algo como: "olha, moço... A gente vai atrapalhar o trânsito porque queremos mostrar que bicicleta vai ajudar todo mundo a chegar no trabalho suado e mais cansado" e o DETRAN de PoA (ou o equivalente) tivesse comunidado à polícia, mais ou menos assim: "Broder, vai dar merda aquele tanto de bike na rua em pleno centro à noite. Tem como a gente fechar alguns quarteirões e fazer uma rota alternativa pros carros e evitar que atrapalhe MUITO o trânsito deles?".

Imagina só, fariam um corredor isolado pros ciclistas e um desvio pros carros. Não atrapalharia NINGUÉM e incomodaria muito menos o trânsito de veículos, o que até onde eu sei, é o objetivo principal do apetrecho nada moderno chamado via de circulação, a.k.a. rua.

Isso tudo, claro, pra agir de acordo com a lei, mais precisamente o artigo 5º, inciso XVI da Contituição:

"Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;"

Isso é pra cercear o direito? Não necessariamente. Você pode até pensar assim, e pra ser sincero, por alguns segundos quando li este inciso pela primeira vez eu até pensei assim também, que esta comunicação visava alertar ao poder público os planos de manifestantes para que assim qualquer tipo de revolta fosse impedida logo no começo. Mas não, meu caro.

O que aconteceu em Porto Alegre representa exatamente o que se evitaria caso as autoridades houvessem sido comunicadas.

Ainda assim, nada do que eu escrevi aqui justifica o comportamento "gouranga" (lmgtfy) do motorista, nem corrobora a fantasiosa versão de "legítima defesa" defendida pelo advogado.

Era só, vejam só, uma solução pacífica que poderia ser tomada antes da tragédia.