domingo, 24 de maio de 2015

Resenha Atlético Paranaense x Galo - 24-05-2015

Pré-jogo:
Começamos a partida com a manutenção daquela escalação ousada do Levir. Aliás, ousada não, porque a mediocridade de uns anos atrás fez do atleticano prudente em excesso. Todos os times campeões nos últimos anos usam e abusam dos jogos fora de casa porque é esse o diferencial e o elenco do Galo tem demonstrado que o objetivo de 2015 é o sim o Brasileiro.

Ao escolher pela manutenção de Carlos na vaga de Leandro Donizete a proposta era clara: iríamos pra cima em busca dos três pontos.

A escalação foi a mesma da última rodada: Victor; Patric, Léo Silva, Jemerson e Douglas Santos; Rafael Carioca, Dátolo, Luan; Carlos, Pratto e Thiago Ribeiro.


O jogo: 
E assim começou... Galo pressionando, marcando em cima e sufocando o adversário.

Ainda assim começamos com um susto, num erro bizonho de Luan que tentou virar o jogo e acertou um passe pro adversário. Victor já demonstrou ali a partida segura que faria, salvando mesmo com a marcação de impedimento pelo árbitro.

Logo em seguida, tivemos três boas finalizações de Lucas Pratto que, embora não tenham sido lances fáceis de guardar, a bola só não entrou por excelentes intervenções do goleiro Weverton.

O Galo continuou pressionando, girando o jogo quando necessário, abusando das laterais e demonstrando mais uma vez que enquanto Marcos Rocha não voltar teremos um longo período de provação em que será indispensável muita paciência. Perdemos mais uma oportunidades em chutes de Thiago Ribeiro e Dátolo, que abusou ao tentar encobrir o goleiro, além de uma boa cabeçada de Carlos que terminou em mais uma defesa de Weverton.

No momento em que a postura de mandante do Galo dava sinais de que bastava tempo pro gol sair, uma jogada nas costas do Patric (mais uma) resultou em gol. Nikão (lembra dele?) foi à linha de fundo e cruzou rasteiro, contando com a chegada surpresa de Douglas Coutinho que não perdoou. Indefensável pro Victor, mas um lance de cochilo da defesa que era perfeitamente evitável.

Fim do primeiro tempo registrava um placar na minha opinião injusto mas que não era necessariamente surpreendente.

No intervalo, Levir entendeu pela ausência de um organizador em campo e optou pela saída de Carlos para entrada do Giovanni Augusto que, apesar de ainda não ter sido efetivo desde que voltou, mostra ter muito crédito com o treinador. Assim como ele, Dátolo que vinha em mais uma partida apagada mostrou ser praticamente intocável ali no meio campo.

A postura do time mudou pouco com a entrada do armador, permanecendo apenas a insistência em perder gols. Pratto mais uma vez, Luan, Dátolo, Douglas Santos... Ninguém acertava e a pressão não surtia efeitos.

De positivo, até aquele momento, a praticamente nula presença ofensiva do rival, o que mesmo assim não impediu alguns erros esquisitos na defesa que não deixam de chamar atenção. Foram necessárias duas ou três intervenções de Victor a fim de impedir contra golpes perigosos dos paranaenses, nos moldes de Manuel Neuer. Quem mais preocupava era Walter, como já esperado, eternamente fora de forma mas tecnicamente superior à maioria em campo.

O Galo ganhava o meio campo mas não traduzia o domínio em gols. O time acuava o rival, criava, chegava com facilidade, mas não concluía. E quando o fazia, faltava capricho.

O 1x0 persistia no placar, o torcedor ficava cada vez menos esperançoso e o que parecia ser questão de tempo não aparecia.

Aos 25 minutos, Levir optou por colocar Jô na vaga de um apagado Thiago Ribeiro, apostando na dupla Pratto e Jô, uma tentativa que já tinha se mostrado acertada em outros jogos. Logo no lance seguinte à alteração Dátolo apareceu de surpresa na área e, completando cruzamento de Patric, acertou um belo voleio que acabou passando por cima do gol.

A pressão continuava e Pratto acabou demorando muito pra finalizar num contra-ataque, sendo desarmado nos momentos finais pelo lateral Natanael. 

Levir tentou de novo com a entrada de Maicosuel na vaga de um exausto Luan que esteve longe de ser efetivo.

30, 35, 40, 45 minutos. O Galo pressionava mas pouco finalizava e o jogo se arrastando para um final melancólico, com o rival abusando da cera. Nesse ínterim mais posse de bola pro Galo e menos produção ainda. De se destacar a expulsão impensada do Walter, manchando uma ótima atuação.

Nada feito, fim de jogo com derrota injusta pelo domínio e justa pela ineficiência.


Pós-jogo:
A Arena da Baixada sempre foi muito dual pro atleticano. Péssimas lembranças com algumas goleadas, mas também uma classificação heroica na Libertadores de 2000 (num ensaio do que o "Eu acredito" viria a significar).

Das boas lembranças que me vem à cabeça está aquele jogo em 2009, quando um Galo desacreditado e em reformulação impôs um 4x0 aos paranaenses que pouco puderam fazer a não ser lamentar. Se aquele time comandado por Celso Roth pode nos ensinar alguma coisa é que chance criada deve ser aproveitada. O Galo dominou aquele jogo no meio campo, impôs muita pressão com a velocidade de Tardelli e Eder Luiz, contou com um Junior inspirado e um promissor Marcos Rocha na direita, que sequer imaginava ser titular. Mas não se deu ao luxo de perder uma infinidade de gols como hoje.

Claro que naquela oportunidade fizemos uma grande campanha, sobretudo se analisarmos o elenco no papel e os ótimos jogos em cerca de 70% do certame. Aos poucos a qualidade individual começou a pesar e vimos que, com todo respeito, um time com Carlos Alberto, Márcio Araújo, Jonílson e afins dificilmente renderia algo melhor que uma briga (bem suada) pela Libertadores.

Voltando ao time de hoje temos um Atlético de qualidade inquestionável. Voltamos a ter um grande elenco no papel, mas que já demonstrou em campo do que é capaz. Em geral, quando exigido o corresponde e coloca nas quatro linhas aquilo que esperamos deles. Se não dá na técnica, como foi nos dois jogos da final da Copa do Brasil, vai com o coração, como nos memoráveis confrontos com Corinthians e Flamengo, também naquele torneio.

O que não dá é pro Atlético se dar ao luxo de perder gols e desperdiçar pontos. Não deixa de ser estranho como um time sai de uma partida genial pra outra tão ineficaz. Não adianta nada ter posse de bola, dominar o jogo e voltar com a derrota pra um time que, ao que parece, vai brigar contra o rebaixamento.

É errado afirmar que todo jogo na Arena da Baixada vai ser fácil, mas hoje era esta a realidade. Estádio vazio, torcida se manifestando pouco, contra um time que brigou pra não cair no estadual. O Atlético tinha totais condições de se impor em campo e sair de lá com os três pontos.

E deu sopa pro azar, mais uma vez.

Ouvimos as entrevistas dos jogadores e do Levir Culpi pós Atlético x Fluminense e nos deparamos com um raciocínio só: dá pra sermos campeões. Pra isso precisamos de seriedade e foco, coisa que faltou hoje contra o Atlético-PR. Tomemos como exemplo a eliminação na Libertadores desse ano, quando jogamos muito mais que o Internacional nos dois jogos mas eles foram excessivamente eficientes, marcando gols estratégicos que minaram o Galo e encaminharam uma classificação relativamente tranquila.

Pro próximo jogo? Obrigação de vencer em casa o Vasco, esperando pela boa vontade do Levir em escalar o Guilhermeg e confiar na rápida recuperação do Marcos Rocha, peça fundamental no time.  Dátolo continua devendo, apesar da boa partida contra o Fluminense. Além disso, o time precisa concretizar a vontade de ser campeão tão externada nas entrevistas da semana passada com futebol e vontade em campo.

Ficha técnica:
Atlético-PR 1 x 0 Galo
3ª Rodada do Campeonato Brasileiro
Data: 24/05/2015
Horário: 16 horas
Estádio: Arena da Baixada
Cidade: Curitiba/PR
Público pagante: 13.510
Renda: R$ 157.632,81

Gol: CAP: Douglas Coutinho (39')
Árbitro: Thiago Duarte Peixoto (Asp. FIFA/SP)
Auxiliares: Daniel Paulo Ziolli (Asp. FIFA/SP) e Alex Ang Ribeiro (CBF-2/SP)
Cartões amarelos: Otávio, Weverton, Douglas Coutinho (CAP)

Escalações:
Atlético-PR
Weverton; Eduardo, Gustavo, Kadu e Natanael (Paulinho Dias); Otávio, Hernani, Felipe e Nikão (Guilherme Arana); Douglas Coutinho (Dellatorre) e Walter.
Técnico: Milton Mendes.

Galo
Victor; Patric, Léo Silva, Jemerson e Douglas Santos; Rafael Carioca, Dátolo, Luan (Maicosuel); Carlos (Giovanni Augusto), Lucas Pratto e Thiago Ribeiro (Jô).
Técnico: Levir Culpi.

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