sexta-feira, 8 de junho de 2012

Lei de Gérson.

Pra quem não sabe, a Lei de Gérson implica unica e exclusivamente em levar vantagem. Em tudo.

É não se importar com princípios, questões éticas e morais.

Numa propaganda de tv veiculada nos anos 70, o ex-jogador Gérson dizia algo como "Por que pagar mais caro se o cigarro X me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro? Leve vantagem também, fume o cigarro X".

Anos depois, o anúncio ficou famoso por caracterizar exatamente isso: a necessidade do brasileiro em levar vantagem.

Aqui neste país maravilhoso, abençoado por Deus e bonito por natureza (que beleza!) temos as marcas mais evidentes da Lei. Somos conhecidos mundialmente (e o que mais me incomoda, internamente) pela fama de espertos, de sempre querer levar vantagem sobre os outros. Somos personificados na figura do malandro.

Poderíamos listar várias coisas, mas vou me ater apenas na corrupção. Quando vemos notícias que o partido tal desviou tantos milhões pro Caixa 2, ou que fulano era laranja da empresa tal, é quase unânime o descontentamento e a reprovação.

Mas quantos de nós, realmente, deixamos de ser "espertos" quando temos a oportunidade? Até nas coisas pequenas a gente gosta de levar vantagem. 

Se o caixa devolver dois reais a mais no troco da padaria, ganhamos o dia.

Acho que é inerente do povo brasileiro, independente de classe social ou educação.

Outra característica é a mania de empurrar a responsabilidade pro outro.

Quarta feira passada, dia 06, houve um acidente em BH que chocou quem viu. Um caminhão transportando uma bobina (exatamente o mesmo que presenciei dois meses atrás, em uma viagem a Juiz de Fora) perdeu o controle e bateu em outros carros. Até o momento, já morreram três pessoas.

Foto tirada no dia do acidente
Embora haja proibição para o trânsito de carretas naquela região, não se justifica o que aconteceu.

O motorista errou, pegou uma via que não podia. Ok.

Mas o que temos visto nos últimos dias foi nada mais nada menos do que um órgão empurrando a responsabilidade para outro.

No dia seguinte ao acidente, enquanto ainda se retiravam os destroços do acidente, os órgãos da administração pública poderiam se reunir para tentar acertar, finalmente, medidas imediatas e efetivas para que não ocorrecem mais tragédias como essas.

Mas não. O que vimos foi o Batalhão de Trânsito falando que o tráfego dentro das cidades é de competência do município. Que o DNIT só poderia auxiliar na discussão, mas quem efetivamente tinha culpa no ocorrido era a BHTrans, órgão municipal de aplicação de multas para quem não usa rotativo e pra quem conversa no celular enquanto dirige fiscalização do trânsito.

A BHTrans, por outro lado, lamenta que não tem efetivo suficiente para fiscalizar o trecho, um dos mais movimentados de BH e onde ocorrem os maiores congestionamentos da cidade.

Ninguém fala entretanto, que se a fiscalização no Anel Rodoviário fosse boa a carreta dificilmente teria entrado na cidade. Menos ainda sobre a falta de sinalização no Anel, as placas confusas e em péssimo estado.

Até pra quem mora na cidade é confuso. Imagina pra quem passa aqui esporadicamente?

As placas existem, mas não indicam nada com clareza.

Pra variar, vai ficar por isso mesmo. Em poucos meses ninguém mais vai lembrar desse acidente e a vida segue.

Acho que a Lei de Gérson merece uma atualização. Levar vantagem e empurrar a culpa para o outro.

Um comentário:

Marcio Coutinho disse...

Pois é cara, infelizmente é como as coisas são levadas aqui nesse país. Seja um troco errado até milhões de reais desviados.. nosso Brasil guaranil...