segunda-feira, 19 de março de 2012

Pedágios.

Sem querer fazer papel de anti-Cristo, mas já fazendo...

Tem sido exaustivamente noticiado o problema envolvendo o filho do Eike Batista, Thor Batista, e um ciclista atropelado (que veio inclusive a falecer).

Claro que eu não acho Thor santo, mesmo porque o histórico de multas por excesso de velocidade é indiscutível.

Mas quem dirige, sobretudo em estrada, sabe como são inconsequentes os pedestres. Inclusive em casos onde existem passarelas na pista.

A galera prefere se arriscar e atravessar a via correndo, no escuro, a utilizar a passarela. Preferem economizar alguns metros, arriscando a vida.

Pelo que foi narrado, e ressalto, estou fazendo apenas uma suposição com o que foi noticiado, o ciclista estava atravessando a rodovia no escuro. O motorista, que vinha em alta velocidade como é de praxe em rodovias, não conseguiu frear a tempo e acabou ocorrendo a colisão.

Agora Thor vai responder por homicídio culposo (sem intenção) e a família vai pleitear uma indenização, como se o ciclista voltasse pelo depósito bancário.

E o problema das estradas vai continuar sem ser ao menos citado.

Será que dói fazer uma estrada bem feita? Iluminada, ao menos? Uma via alternativa pra os locais, pedestres ou ciclistas, atravessarem?

Quem já foi pra São Paulo, via Fernão Dias, sabe que é extremamente possível uma estrada boa com pedágios em valores acessíveis (gasta-se de carro, no trecho BH-SP, cerca de R$ 10,00 em pedágios. Menos de dois centavos por quilômetro - são 586 km no total. Pouco pra se andar em uma estrada com três pistas em excelente estado, com telefones públicos com poucos quilometros de distância entre si e postos de auxílio constantemente).

Falta interesse do governo ou maturidade da população em aceitar esse modelo de parceria público-privada?

Anos atrás me deparei com um e-mail atribuído a uma bacharel em Direito que dizia, inclusive, que a cobrança de pedágios era inconstitucional pois feria o direito de ir e vir. Direito esse que, de fato, está previsto na Constituição Federal.

Bizarro, entretanto, se continuarmos lendo o mesmo artigo 150, V e nos depararmos com a autorização expressa de instituição de pedágios em estradas federais.

Ou seja, pedágios em estradas são autorizados pela Lei Maior. Sua eficácia é comprovada, desde que (como tudo nessa republiqueta que vivemos) seja bem executado e, sobretudo, bem fiscalizado.

Convivemos com acidentes em estradas porque queremos. A maioria poderia ser evitada com melhores condições de tráfego e menos veículos transitando.

Pode-se discutir como seriam descontadas as contribuições já feitas, como o IPVA (que deveria ser utilizado na melhoria das estradas). Mas é inegável como o pedágio melhora e muito as condições de quem transita nas rodovias.

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Um comentário:

André Maciel disse...

Eu sou totalmente a favor da privatização das estradas, sei que é obrigação do governo gerir elas, porém estamos no Brasil. O que não pode é ver como vem acontecendo no trecho da BR que passa por Pesqueira que já é aquele onde mais ocorrem acidentes fatais em PE.

Uma vida evitada vale um pouco mais que qualquer pedágio.

(o cara que morreu no acidente de Thor tava bebo pra carai)