domingo, 20 de março de 2011

Malhação.

O roteiro de Malhação se repetiu do final dos anos 90, até o final dos '10. Pelo menos até onde eu pude acompanhar, era aquela velha história, um cara conhece uma mulher, eles se apaixonam mas não podem ficar juntos. Não podem por que? Porque um outro cara (ou outra menina), igualmente apaixonado (a) pelo principal (porém, sem coração puro, claro) entra na história e consegue a paixão deste por algum tempo. Isto claro, até o mocinho perceber que nasceu para estar com a mocinha e fim. Ou não, porque aí eles começam a ficar juntos e a pessoa largada volta com carga total a tocar o puteiro na vida deles e assim tentar reaver seu posto.

A lenga lenga é esta, invariavelmente. Só as pontas do triângulo mudam (ou dois homens e uma mulher, ou duas mulheres e um homem). Mas não foge disso.

Nas outras novelas é basicamente a mesma coisa, mas na Malhação isso sempre me intrigou.

Na época onde eu via (sim, eu via...) era sempre a mesma coisa. Acrescente a isto um esporte descolado e um ou outro personagem aleatório no colégio e bingo. Temos um roteiro de novela.

Até falava disso com uns amigos, tempos atrás (muito tempo mesmo, aliás).

O papel negativo das novelas nas vidas das pessoas sempre me intrigou. Homens, mulheres, velhos, jovens, crianças. Todos.

A mocinha maltratada, coitada, luta pelo amor do mocinho, o bom rapaz, e passam por apuros que até Deus duvida para, no fim, estarem juntos, casarem, terem um filho e viverem felizes para sempre. O vilão, por outro lado, no final é punido e se ferra, ou percebe os erros e muda da água pro vinho. Fantástico.

O problema é que a vida não é tão simples. Aliás, é simples, mas essa idealização faz com que a gente ferre tudo.

A idealização de qualquer coisa é bobagem. É errado, porque na vida real, as coisas não são perfeitas. Pelo contrário.

Então fica a dica. O seu par perfeito não vai estar bem humorado todos os dias, não vai gostar das mesmas coisas que você, não vai deixar de ser egoísta em algumas situações, e blábláblá whiskas sache.

Esse papinho de novela de viveram felizes para sempre fica em Jacarepaguá, ok? Prova disso é a volatilidade dos relacionamentos dos seres humanos (sim!) que vivem personagens na telinha.

Invariavelmente a vida imita a arte, isso é inegável. Mas esta idealização, sobretudo nesses tempos pra lá de liberais em que vivemos, acarreta em dezenas de ilusões e milhares de corações partidos.

Pra quê? Me pergunto...

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