sábado, 18 de agosto de 2012

Os (possíveis) saldos do julgamento do Mensalão.

Então que se você esteve no Brasil nos últimos 2 meses já sabe que o Supremo Tribunal Federal (a.k.a. STF) está julgando um dos maiores escándalos da história do país.

Poderia tecer comentários sobre o que aconteceu, mas como jamais me inteirei do assunto plenamente, prefiro não falar bobagem.

O que eu sei é aquilo que provavelmente você sabe, o que divulgam nos jornais. O que se comenta eventualmente pra puxar assunto.

Mas não é exatamente sobre isso que eu quero falar.

Como todos sabem, o Mensalão envolve o PT e, bom, haja vista os últimos anos de dominância do dito partido e se tratar de ano eleitoral, resolvi comentar qual pode ser o saldo desse julgamento para as próximas eleições (com enfoque ainda maior para as próximas presidenciais, no fatídico ano de 2014 - não é só ano de Copa, Cara-Pálida!).

Resolvi esboçar três possibilidades e vou fazer alguns prognósticos (baseados apenas em "achologia", não sou entendido de ciência política apesar de me interessar e eventualmente ler uma coisa ou outra).

1ª Situação: Como se trata de um tema complexo e que nem todos os jornais/televisões divulgam da maneira que esperamos, a primeira situação envolve a simples ignorância do povo. Brasileiro não tem memória e isso é fato. Pelo andar da carruagem o julgamento (com sorte) deverá se encerrar às vésperas da eleição, ou seja, meados da segunda quinzena de setembro. Salvo alguma imprevisibilidade, o eleitor normal não deverá vincular a figura do Mensalão Petista a nenhum candidato. É possível ainda uma pluralidade de decisões absolvendo uns e condenando outros, alguns crimes prescritos e afins. 

Nesse prisma o julgamento não faria diferença. Nem pra essas próximas eleições municipais nem pras próximas nacionais. E ano que vem, se os caras se candidatam de novo, provável que tenha quem vote neles por lembrar do nome por alguma notícia... Aquele velho papo.

2ª Situação: Os peixes grandes são todos condenados. Crise no PT porque com o STF a coisa é mais séria (apesar da politicagem que é, estamos falando do Supremo). Como os réus mais famosos e relevantes são do partido (José Dirceu, sobretudo, que não esconde de ninguém a vontade de ser presidente da República) a possibilidade de se recair numa fossa sem precedentes é enorme. Bem possível que voltaríamos a ter uma disputa entre PT e PSDB, com um lado ligeiramente menos queimado que o outro.

A possibilidade é evidente. Pra estas eleições, talves seriam afetadas cidades que ainda estão polarizadas entre PT e PSDB, com vantagem para os tucanos. O problema é que dentre estas cidades se encontra a maior do Brasil, São Paulo, onde os tucanos já levam vantagem tradicionalmente. Não haveria grande diferença pra esta eleição. Mas pra próxima... É notório que o governo da presidente (presidentA a pqp) vive à sombra do governo Lula. Com uma crise destas proporções, acho difícil que ela se reeleja. Seria necessário o lançamento de um novo candidato pelo PT nas próximas eleições e, bom, não vejo o Lula voltando (principalmente por motivos de saúde, porque o sonho dele é ser um Chavez brasileiro).

3ª Situação: Os petistas são todos inocentados. Infelizmente esta é a mais provável. Todo mundo sabe que os Ministros do STF são indicações políticas, apesar de serem pessoas de conduta ilibada e grandes juristas, a pressão vai existir. E mexer com peixe grande é complicado. 

O cenário é o mesmo acima, com diferença que a ligeira vantagem vai pro PT, apesar de achar que quem não vota no PT continuaria sem votar. O mais complicado seria pra reeleição da Dilma, porque com a vitória e inocência, José Dirceu cresceria internamente no partido e, possivalemente, surgiria na disputa interna para se lançar candidato em 2014. Ou, pior, se lançaria como vice da Dilma se preparando para as eleições de 2018... E aí, a perpetuação que todos tememos aconteceria.

Pelo que entendo, as consequências do julgamento se dariam bem mais internamente nos partidos do que refletidas no eleitorado normal. Simplesmente porque o brasileiro não se interessa por política e, bem provável, daqui a cinco anos não se lembrará de nenhum envolvido. Afinal, estamos no país que acredita que o Presidente da República "não sabia" desta rede de corrupção sem precedentes envolvendo seu partido.

O melhor a se fazer é aguardar o julgamento. E torcer pela imparcialidade dos julgadores.

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