sábado, 17 de julho de 2010

Ainda existem bobos no futebol

Diz o Código Galvão Bueno das Frases Feitas, no artigo 6°, inciso XIII:

"Não existe mais bobo no futebol".

Na aplicação original da frase, em termos de cancha, pode até ser. Mas no futebol em geral, bom, isso não se aplica.

Nos dois últimos meses, tivemos duas histórias que comprovam a minha afirmativa.

Se você não esteve no planeta Terra nas duas últimas semanas talvez não saiba, mas o goleiro do Flamengo, Bruno, está preso suspeito de participação no assassinato da modelo, atriz pornô e manequim (discurso padrão da maioria das mocinhas que não gostam de trabalhar, de fato), Eliza Samudio.

Ele é um bom goleiro, acompanhei a carreira dele na base do Atlético e sempre apresentou bons reflexos, bom posicionamento e boa liderança. Era titular do Flamengo desde o fim de 2006, havia recentemente completado 230 partidas pelo clube. Isso com 25 anos de idade... Tinha um futuro absolutamente promissor no esporte, apesar do caráter (?!) duvidoso e do descontrole em algumas situações. Especulações davam conta que ele era um dos favoritos a assumir o posto do brasileiro Dida, no Milan da Itália.

Tudo foi jogado no lixo nesses últimos dois meses.

Saindo do óbvio sensacionalismo que envolve o caso, quero falar sobre as escolhas que envolveram o caso e como o goleiro poderia ter resolvido as coisas de maneira bem simples. Uma vez que a moça dizia que ele era o pai do filho, bastava fazer o teste de DNA e comprovar a paternidade. Uma vez comprovado que ele não era o pai, problema resolvido. Caso contrário, bastaria passar a contribuir com a pensão... Convenhamos, nada muito absurdo pra alguém que recebe R$ 200 mil mensais, fora contratos de patrocínio... Uma pensão fora da realidade brasileira, para ele não seria algo exagerado... Talvez uns 30 mil reais por mês, mais do que o necessário para a criação de seu filho, de fato, porém irrisório se levarmos em conta os vencimentos do pai.

Independente de a mãe ser uma chantagista ou qualquer coisa do tipo, a criança não tem nada com isso e merece crescer com boas condições, o que cabe aos pais proporcionarem. Como a situação financeira de Bruno é absolutamente tranquila, contribuir para a criação de seu filho é obrigatório, sobretudo sob o ponto de vista moral.

Porém, segundo as investigações, o goleiro tomou outra decisão. E está pagando por ela. Diferente de outros lugares, eu não vou falar que o referido fez ou deixou de fazer alguma coisa. Mas se as investigações se direcionaram a ele, fato comprovado pela prisão preventiva em uma penitenciária de segurança máxima, acho que as perspectivas não são muito boas sobre a inocência.

Independente de participação no homicídio ou não, a carreira de Bruno acabou.

O outro caso envolvendo "boleiros" (1) e burradas, envolveu o também jovem e promissor Alexandre Pato. Outra vez, por falta de orientação.

Pato tem 20 anos, joga no Milan desde 2007 e teve uma carreira meteórica. Até o fim de novembro de 2006, ninguém no Brasil conhecia o jogador e, depois de uma boa estréia e um bom Mundial Interclubes, virou a nova sensação do futebol. Seis meses depois, já estaria jogando na Itália.

Coisa de filme? Ainda não. Faltaria ainda o casamento com uma estrela de novela, jovem (como ele) e de família abastada.

Casamento que durou apenas nove meses e que vai custar caro. Cerca de dez dias atrás, foi determinado em juízo que Sthefany Brito tem direito a receber uma pensão correspondente a 20% dos rendimentos do jogador (trocando em miúdos, cerca de 130 mil reais, por mês). Cabe ainda, percentual para a atriz sobre qualquer contrato de patrocínio que envolva Pato.

Tá certo que Pato recebe muito bem, sobretudo para alguém de sua idade. De fato, não deve ter sido fácil para Sthefany largar a família e o trabalho no Brasil e se lançar às cegas na Europa, recém casada e sem experiência. Mas garantir a uma garota de 23 anos uma fortuna dessas, proveniente do trabalho de um ex-marido com quem esteve junto por menos de um ano é demais. Ela é jovem e saudável, apta a voltar a trabalhar como atriz (apesar de nunca ter sido nada demais) e quem sabe, viver como um mero mortal e fazer uma faculdade (pode até ser particular, aposto que o pai tem condições de pagar), procurar um emprego... Filho seria um motivo razoável para tal pensão, mas contrapondo a situação do Bruno, Pato e Sthefany (puta nome complicado de se escrever, pelo amor de Deus...) não tiveram herdeiros.

Com a minha pequena experiência em direito, acredito que a sentença da juíza que determinou os 20% será reformada pois é absurda. Mas ainda assim, por conta de falta de orientação ao jogador, grande parte de seus rendimentos está comprometida a uma ex-mulher com quem conviveu por meros nove meses. Não sei o que aconteceu no casamento dos dois, o objetivo do texto não é julgar o comportamento de X ou Y, muito menos ser machista ou anti-feminista. Só acho errado esse tipo de comportamento, amparado pela indústria do divórcio.

Assim morre a lição do artigo 8°, inciso XL, do Código Galvão Bueno das Frases Feitas:

"Malandro NÃO é o pato".

É amigo... Ainda existem bobos no futebol.


(1) Odeio essa expressão, mas é melhor do que falar "futebolista", como na wikipédia.

2 comentários:

André Maciel disse...

O problema de Bruno foi de caráter mesmo, ele nunca escondeu de ninguém que não vale nada.

Já no caso de Pato tem jeito ainda, mas isso que ele tá passando é consequência da linda instituição que é o casamento.

Marcio Coutinho disse...

Pois é cara, o Bruno arruinou a carreira por conta do egoísmo e da falta de caráter. O Pato não se ferrou tanto, apesar da pena a qual foi setenciado seja bem pesada 130 mil por mês pra alguém que nem filho teve é muito dinheiro.