quinta-feira, 15 de abril de 2010

"Mulherzinhação" do futebol.

A cena lembra a infância de todos... Dezenas de moleques jogando bola na quadra do colégio e, aquele camarada (geralmente o gordinho e/ou quatro-olhos) sentado isolado na arquibancada, geralmente ansiando por uma companhia para jogar Magic. Naquela época quem não jogava bola no recreio era "mulherzinha", naquela percepção infantil e inocente.

É o que está acontecendo com o futebol moderno. Estão castrando o futebol. Você vai ao estádio hoje e não pode tomar uma cerveja, não pode mais assistir o jogo de pé. Hoje, você tem de beber cerveja sem álcool (?!) e assistir assentado. O futebol está passando por um processo de "mulherzinhação", praticamente irreversível. Não que eu pense que futebol é esporte exclusivo para ogros e trogloditas... Longe de mim, mesmo porque não tem coisa melhor pra mim do que ir ao campo acompanhado da minha namorada.

"Mulherzinhação", no meu dicionário é sinônimo de frescura. Não tem nada a ver com entes do sexo feminino, mesmo porque existem mulheres que entendem mais de futebol do que alguns homens... Isso é irrelevante.

O que pesa pra mim, é que estão tentando elitizar um esporte do povo. Estão empurrando guela a baixo atitudes gentlemen no lugar tradicional de nêgo banguela.

Hoje (1) um jogador acusou outro de racismo (sic) por uma discussão em campo. Crime de injúria racial, o que de fato ocorreu, é uma coisa que deve ser abolida da sociedade, não defendo essa prática de maneira alguma...

Mas futebol é futebol.

É lugar onde a gente fala as coisas sem pensar, é onde a emoção de botar a camisa e vencer supera a razão. É de fato, uma guerra. Aquele cara com a camisa de outra cor é um inimigo e, tudo que for possível para reduzir o brio do mesmo é válido. Ainda que se xingue o rival com alguns nomes que você nem sabe o significado (sevandija é o meu preferido...), aquilo fica ali. Briga em futebol (e eu já vivi várias) não saem do campo. É um acordo tácito entre os Homens (sim, com h maiúsculo) que se dispõe a batalhar no campo, antes mesmo de sair do vestiário.

"Entendidos" pedem a elitização do futebol por meio de ingressos mais caros, comparando os preços dessa "forma de lazer" com teatro, cinema, shows... Engano puro, futebol não é lazer.

Futebol é coisa séria.

PS: eu nunca, de verdade, chamei alguém que não jogasse bola de "mulherzinha", é só uma expressão comum pra todo mundo, sobretudo, na infância.

PS2: Racismo, presente no artigo 20 da Lei 7716/1989, se aplica quando as ofensas se referem não a uma pessoa específica e sim a determinada raça (bem como cor, etnia, religião, origem...), ou seja, um número indeterminado de pessoas . Já a injúria racial, o que de fato aconteceu no jogo entre Palmeiras x Atlético-PR, é a ofensa de conteúdo discriminatório empregada a pessoa específica. Na prática, racismo é negar emprego a alguém porque a pessoa é judia, por exemplo.

(1)

2 comentários:

André Maciel disse...

A Ilha do Retiro ainda é meu templo. É lá que eu descarrego todas as minhas mágoas gritando, pulando, agredindo verbalmente quem quer que seja, sem preocupação nenhum quanto ao que os outros acham da minha atitude.

Espero que a Ilha siga sempre sendo meu templo, que não mudem isso.

Marcio Coutinho disse...

Falou e disse brother, futebol é coisa séria, o que se vive em jogo fica lá e não sai. Vou preparar um "comeback post" já faz muito tempo que não posto hehehe. Abração!