terça-feira, 7 de abril de 2009

"Preciso contar a alguém".

"Preciso contar a alguém".

Foi assim que ele começou aquela carta. E seguiu: "escolhi você, pela nossa confiança. Pelo carinho que a gente nutre um pelo outro...". Aposto que se quisesse, poderia dar mais n motivos porque várias razões levaram ele a contar isso pra aquela pessoa - e não chegar nem a pensar em contar pra mais ninguém. Mas a razão que prevalecia era essa: confiança.

Palavrinha complicada. Essa tal fé que a gente deposita em outra pessoa, esperança cega beirando o atrevimento, quiçá insolência, desaforo. Poucos a tem, mas quem tem não a renega jamais. Alguns dizem que a confiança é inerente ao ser humano, mesmo que a maioria a tenha já esperando pelo pior.

E seguiu a carta: "Preciso te contar porque já não aguento mais guardar isso pra mim mesmo. Confio em você o suficiente pra te confiar esse segredo." E assim seguiu, um pouco menos dramático, enaltecendo os laços daquela amizade, do companheirismo entre autor e leitor da carta. Garanto que nem metade de quem está lendo vá entender essa relação. Nem precisa, na verdade. Basta tentar entender e já me dou por satisfeito.

Amizade de verdade não é simples. Não exige tempo de vivência, apesar de se fortalecer com ele. Exige apenas dedicação. E sinceridade. E isso, eles tinham de sobra.

E foi: "É uma coisa que tem mexido comigo nos últimos meses. Apareceu do nada, não me lembro de ter levantado um dia e me percebido diferente". Muito lugar comum? Talvez. "Engraçado falar disso agora. Nem sei se devo continuar... Estou hesitante agora que comecei. Estou tentando medir as minhas palavras pra não ser interpretado de maneira errada". Nota-se um arrepio indescritível. Dessa vez, da segunda parte. "O que será que ele quer dizer? Por que está rodeando tanto e não fala de uma vez?".

"Mas eu preciso contar pra alguém e não vou conseguir me calar outra vez. Já o fiz por demais vezes na vida. E dessa vez vai ser diferente. O que eu tenho pra te contar, talvez não seja por si só uma novidade... Nunca fiz questão nenhuma de te esconder o que vou falar. Mesmo assim, está mais difícil do que eu pensei. Desculpa".

Alguma delonga e várias linhas depois, o fio da meada. "Acontece que a minha vida mudou. Drásticamente e ao mesmo tempo, gradualmente. Difícil entender quando se está de fora, mas acho que você vai compreender. Do nada tudo girou, tudo mudou. Mas ao mesmo tempo, parece que eu estou sendo preparado para isso, estive aprendendo por um longo período pra que agora não me assustasse. Bom, confesso que estou assustado. Mas acho que se fosse só tão drástico quanto eu falei, estaria beirando o pânico. É engraçado como tanta coisa acontece em tão pouco tempo. E tão pouco tempo parece uma eternidade em algumas ocasiões. A vida é engraçada. Ou pelo menos, tem sido. O motivo da tal mudança na minha vida você está careca de saber. Esse motivo, é você. Obrigado por estar comigo sempre".

E sim, o texto é bem genérico. E mais específico impossível.

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Listening to: Firebug - Coming Home
via FoxyTunes

2 comentários:

Sofia Galvão disse...

Poxa... bonito, diria. Na mesma lógica do "Veja bem, meu bem, sinto te informar, que encontrei alguém pra me confortar. Esse alguém está quando você sai. Veja bem, meu bem, encontrei alguém chamado saudade..."

Tô de blog! :)

Marcio Coutinho disse...

é cara esse texto meio que reflete um pouco do que passei e to passando, assim como tu né?!

Abração brother!