segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Tem algo muito errado com essa juventude.

É, acho que eu sou um velho de 70 anos num corpo de um jovem de 22 anos. Devo estar muito deslocado da minha geração, porque hoje vejo as coisas e acho, no mínimo, ridículas.

Na última semana aconteceu uma confusão na USP que, em princípio, era aqueles confrontos da juventude revolucionária versus os brucutus da polícia. Confronto entre os jovens que vão (infelizmente) mudar o país contra a repressão representada pelo poder de polícia governamental.

Aconteceu o seguinte: pelo que falam, o campus da USP é monstruoso, chegando ao ponto de ser maior que muitos bairros da cidade de São Paulo. Cidade essa que, cá entre nós, é fora de qualquer parâmetro brasileiro (quem já foi sabe).

Ou seja, uma área gigante numa cidade gigante, cuja única proteção é proporcionada pela própria universidade. Prato cheio pra marginais promoverem a zorra. Roubos, depredação, tráfico de drogas, e, pasmem, assassinatos e estupros.

Qual a saída lógica? "Vamos pedir ajuda ao governo e fazer uma parceria com a Secrataria de Segurança Pública e encher de polícia aqui dentro pra nos proteger", deve ter pensado o reitor e seus pensadores.

Daí que com a entrada da polícia no campus da USP a criminalidade caiu absurdamente. Pronto, problema resolvido.

Até o dia em que os policiais estavam fazendo a ronda por lá, coisa óbvia a fim de se reprimir a criminalidade quando flagraram um grupo de "universitários" fumando maconha. Óbvio ululante que estavam trabalhando (a polícia, claro) e se viram obrigados a interpelar os jovens e cumprir seu ofício.

Pela Lei Antidrogas, que passou a vigorar em 2006, ainda que não seja tratado como criminoso, o mero porte de substâncias ilícitas (em cujo rol a maconha está inclusa, pasmem), ainda que para consumo próprio, é tido como delito. Ou seja, é obrigação da polícia interpelar quem for flagrado nesta conduta, que pelo artigo 28 inclui adquirir, guardar, depositar, transportar ou portar as drogas ilícias.

Foi o que fizeram. Abordaram o grupo, cumprindo a lei, para lavrar o Boletim de Ocorrência ou qualquer outro documento pertinente.

Eis que os jovens se revoltaram com a conduta "abusiva" da polícia. Ao que parece, para eles, o mero fato de estarem em uma universidade permite que vivam acima da lei, acima das pessoas comuns. Queriam estar protegidos nos muros da universidade pra fumar em paz. Ou seja, caras que se travestem de revolucionários (Che Guevara life style), defensores da igualdade social, de setores oprimidos da sociedade. Mas na hora H, querem regalias, tratamento diferenciado pra infringir a lei em paz.

Se a polícia estivesse agindo arbitrariamente, ou violentamente, estariam cobertos de razão. Agora, protestar contra a polícia por estar cumprindo seu dever... É um pouco demais.

Na hora que o problema da criminalidade apareceu, pediram o reforço policial. Na hora que cumpriram seu trabalho, pediram sua retirada. No último final de semana, invadiram a sede da reitoria e tocaram o terror lá. Protestos em cima de protestos, pedindo a retirada da força policial do campus.

"Hay que endurecer, pero sin perder la hipocrisia jamás".

Mudando um pouco de assunto, qual não foi minha surpresa hoje quando vi isso na internet. "Repórter da Globo é derrubada ao vivo durante cobertura".

A repórter estava na porta de um hospital, num link ao vivo do Jornal Hoje, querendo passar informações sobre o estado de saúde do ex-presidente Lula.

Fui atrás do vídeo e é absurdo. Uma falta de respeito com a profissional sem tamanho. Veja o vídeo e tente entender o que eles queriam:



Lamentável. Tentei na hora entender o que aconteceu e não cheguei a uma resposta satisfatória. Revendo o vídeo entendi o que o imbecil número Um fala a respeito de um tal "MerdTV". Depois de uma breve pesquisa no google, deparei com uma página ridícula, extremamente mal escrita acusando a Rede Globo de ser o "Illuminati do Brasil".

Querem fazer uma revolução contra a Vênus Platinada. Baita revolução, agredir uma repórter e atrapalhar o trabalho dos outros. Grandes propostas.

Taí a juventude que vai mudar o futuro do Brasil.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Contra-senso.

"Andando sozinho, a contrario sensu".

Em latim, temos uma expressão para reproduzir um argumento de forma idêntica, porém extraindo uma conclusão lógica contrária a outra anterior. É um recurso interessante, mas deve ter fundamento para que não seja só mais uma falácia, um argumento sem sentido. A grosso modo, se duas sentenças contrárias não podem ser simultaneamente verdadeiras, é mais provável que ambas sejam falsas.

Defende-se muito, e nisso eu arrisco a dizer que todos, a liberdade de opinião e de expressão. São direitos constitucionais, previstos largamente em nosso codex. Entretanto, na hora de "presentearmos" os outros com essa dádiva, somos reticentes.

Na teoria, é lindo falar que todos somos livres pra se expressar.

Na prática, agride.

E isso é extremamente interessante.

Eu poderia até escrever como o CQC caiu de qualidade. Isso é gosto pessoal, em que pese o blog ser um espaço para eu me expressar (!). Prefiro falar sobre como apesar de se pintar como o baluarte da independência midiática, esse programa traiu seu apresentador por fazer exatamente o que ele deve (e é pago para) fazer: piada com os outros.

Foi de mau gosto a piada? Talvez. Mas não é esse o trabalho dele, cara-pálida? Ou vai dizer que é de bom gosto o cara ir ao Congresso e humilhar um político porque ele não sabe sobre uma rebelião que aconteceu ontem na capital da Armênia. Ou ir numa festa de celebridades e começar a perguntar sobre a política dos EUA para sair da crise... Ou outras tantas brincadeiras do programa.

Se o público, que elegeu o CQC como humor inteligente, aceita uma piada, por que não outra?

Vão dizer que fazer piada sobre comer um bebê é de mau gosto. Ok, concordo. Igual já li e vi inúmeras outras piadas desse nível. E ninguém falou nada.

O próprio Marco Luque, colega de bancada do Rafinha Bastos, vive falando que fulana é piranha, que cobra dinheiro pra sair com famosos e fica por isso mesmo. O Tas, que é um cara deveras inteligente, fala coisas desse nível e ninguém abana o rabo. Ninguém fala nada. Errado? Não, de maneira alguma, vez que são comediantes, ou seja, vivem de fazer deboche com os outros.

Os caras estão fazendo o trabalho deles. Brincadeiras, piadas, com a cara dos outros. Você ficar chateado, momentaneamente, com uma piada é normal (apesar de que, hoje isso é bullying em nosso mundo politicamente correto). Uma atitude possível seria ignorar a piada, achar o comediante autor da mesma um c*zão e pronto. No máximo deixaria de ver o programa, ir ao show dele, comprar seus produtos e pronto. Acabou o problema.

Pesa hoje o politicamente correto e a ignorância das pessoas. Ou alguém acha que, ainda se tivesse oportunidade, o Rafinha Bastos comeria a Wanessa Camargo e/ou o bebê dela?

Eu não acho. Eu sei a diferença entre uma piada, ainda que mal posta, e uma opinião.

Só pra finalizar, finalmente sabemos que o "Custe o Que Custar" tem um preço. Os anuncios. Isso porque o marido da ofendida é um dos cabeças da empresa de propagandas do Ronaldo (outro que repudiou publicamente o programa).

Vocês criaram um monstro. O cara tá livin' la vida loca agora. Aparentemente teve um surto de Charlie Sheen e, semana passada, durante a apresentação do programa, postou fotos no twitter se mostrando deveras chateado com o afastamento do programa, acompanhado de duas "modelos" de lingerie e fumando um bom e velho charuto cubano.

"Como é árdua a estrada daqueles que trazem novas idéias... Elas podem significar a diferença entre o sucesso e o fracasso".
(A-OK - Aversão à novas idéias)