quarta-feira, 22 de abril de 2009

Ensaio sobre a insônia.

A noite interminável finalmente teve fim. Aquelas vozes, os vultos, tudo parou; finalmente amanheceu. Amanheceu e eu estou aqui de novo com ela ao meu lado, sem no entanto, aproveitar o momento. Antes conseguia me entreter só de olhá-la nesses momentos, mas agora não. Agora não é mais tão simples.

Agora que começo a entender o motivo dessa minha insônia, pareço mais assustado do que nunca. Deveria ser o contrário. Agora que eu compreendo o porque de estar assim, deveria juntar forças pra superar isso -ou aprender a conviver. Mas ao contrário: me resigno. Espero que passe naturalmente. Mas não vai passar.

Tentei por algum tempo mascarar essa insônia. Achava que era preocupação com dinheiro, falta de trabalho, faculdade, namorada. Não é. Infelizmente não é. É algo mais.

Não encontro posição pra dormir. Não consigo me ajeitar no travesseiro. Tento abraça-la, tenho medo de incomodá-la. Assustá-la com esse meu incômodo. Tenho frio, depois calor. Arrepios. A voz some. Rezo. A cerveja deixou de ajudar faz tempo.

Quando amanhece vem o alívio: agora não preciso dormir.

Tento encontrar colo. Tento conversar sobre isso. Até ajuda, pra falar a verdade. Mas nada disso adianta; sei que a próxima noite vai ser igual.
----------------
Listening to: No Use For A Name - Let Me Down
via FoxyTunes

terça-feira, 14 de abril de 2009

Músicas que marcam.

Vi isso num blog e resolvi postar a minha. A idéia é listar 10 músicas que marcaram sua vida.

Como eu sou totalmente do contra, resolvi selecionar algumas bandas ou álbuns, não seria capaz de listar apenas músicas. Talvez a lista não tenha só 10 (depende da minha boa vontade, talvez faça uma continuação). Mas como sou eu que mando nessa porra, foda-se. Lembrando que não é exatamente um ranking e sim uma amostragem. Provavelmente os itens terão ligação entre si, ainda que só pra mim.

Começo com:
1- Raul Seixas.
Lembro das longas viagens em família, ouvindo aquela fita cassete com Raul no lado A e o segundo da lista no B. Adorava "Plunct Plact Zum!" ("Carimbador Maluco", pra quem é normal ehehe) e "Não quero mais andar na contra mão". Escuto Raul quase que diariamente até hoje, quase religiosamente, mas a mística daquela fita K7 é inexplicável.

2 - Camisa de Vênus.
Era um cd ("Quem é você?") roubado emprestado do meu tio. Sensacional. Impossível descrever Marcelo Nova. A primeira experiência marcou. Uma música que eu adorava era "Essa linda canção", que me abriu os olhos pra conhecer o próximo (era em parceria com eles).

3 - Raimundos.
Já escrevi aqui sobre eles e o cd que eu acho o maior da história do rock nacional. Simplesmente genial. Me marcou muito, logo que mudei de cidade pela primeira vez. Ficou intocável no meu discman por uns 6 meses. Quem estudou comigo sabe que isso era muito.

4 - Nenhum de Nós.
Outro companheiro de viagens. Toda vez que escuto me lembro daquela época, todo mundo junto indo pra BH passar o fim de semana. Quem vê de longe, acha loucura... 4 horas pra ir, 4 pra voltar (ou 6 em Valadares). Mas essas viagens eram sensacionais. "Eu caminhava e fingia que o tempo passava... Eu caminhava e fingiaaaaaa...".

5 - Barão Vermelho.
Barão pra mim é sem palavras. Tanto com Cazuza no vocal quanto com Frejat.

6 - Pato Fu.
Gostava de graça, sem conhecer muito. Numa dessas brincadeiras da vida, no ano passado, comecei a ouvir de novo. E fui procurando tudo a respeito. Desde os discos da Fernanda com o John, até o "Rotomusic de Liquidificapum" (sempre tenho que colar pra escrever direito o nome desse cd). Não é tão conhecida nacionalmente, ou não tem o crédito que merece, infelizmente.

7 - Queen.
Tinha algumas músicas favoritas quando criança. Mas comecei a gostar mesmo numa viagem que fiz pra casa da minha tia. Assisti o dia inteiro um dvd com clipes e shows do Queen. Gostei demais.

8 - Janis/Elvis/Joe Cocker/etc.
Me desculpem pela ousadia, mas não merecem um tópico exclusivo pra cada um. Talvez porque sempre ouvi eles juntos, num mesmo cd. Nenhum me marcou separadamente. Mas não poderiam ficar de fora.

9 - Titãs.
Quem conhece Titãs e não gosta, deveria escutar o cd "Domingo". Titãs com Arnaldo Antunes é foda. Os dois separados são duas merdas.

10 - Zé Ramalho.
Não precisa nem falar. "Chão de Giz" e "Mulher nova, bonita e carinhosa..." são duas das músicas que eu mais gosto. Como a maioria das outras, aprendi a ouvir com meus pais.


Convido meu confrade a fazer a lista dele.

sábado, 11 de abril de 2009

What is this Global Crisis all about!?

Is it about poverty at the Politician's table?
Is it about society at the Doom's chaos?
Is it about hunger spreading through nations?
Is it about hatred flooding our lives?

NO, it's about us doing what we were meant to do
It's about leaving our couch and moving our lazy butt
It's about taking decisions as a group and not as a cell
It's about YOU and ME becoming US.

------------------------------------------------------

Uma visão que alguns hão de chamar de poética sobre a Crise Global...

terça-feira, 7 de abril de 2009

"Preciso contar a alguém".

"Preciso contar a alguém".

Foi assim que ele começou aquela carta. E seguiu: "escolhi você, pela nossa confiança. Pelo carinho que a gente nutre um pelo outro...". Aposto que se quisesse, poderia dar mais n motivos porque várias razões levaram ele a contar isso pra aquela pessoa - e não chegar nem a pensar em contar pra mais ninguém. Mas a razão que prevalecia era essa: confiança.

Palavrinha complicada. Essa tal fé que a gente deposita em outra pessoa, esperança cega beirando o atrevimento, quiçá insolência, desaforo. Poucos a tem, mas quem tem não a renega jamais. Alguns dizem que a confiança é inerente ao ser humano, mesmo que a maioria a tenha já esperando pelo pior.

E seguiu a carta: "Preciso te contar porque já não aguento mais guardar isso pra mim mesmo. Confio em você o suficiente pra te confiar esse segredo." E assim seguiu, um pouco menos dramático, enaltecendo os laços daquela amizade, do companheirismo entre autor e leitor da carta. Garanto que nem metade de quem está lendo vá entender essa relação. Nem precisa, na verdade. Basta tentar entender e já me dou por satisfeito.

Amizade de verdade não é simples. Não exige tempo de vivência, apesar de se fortalecer com ele. Exige apenas dedicação. E sinceridade. E isso, eles tinham de sobra.

E foi: "É uma coisa que tem mexido comigo nos últimos meses. Apareceu do nada, não me lembro de ter levantado um dia e me percebido diferente". Muito lugar comum? Talvez. "Engraçado falar disso agora. Nem sei se devo continuar... Estou hesitante agora que comecei. Estou tentando medir as minhas palavras pra não ser interpretado de maneira errada". Nota-se um arrepio indescritível. Dessa vez, da segunda parte. "O que será que ele quer dizer? Por que está rodeando tanto e não fala de uma vez?".

"Mas eu preciso contar pra alguém e não vou conseguir me calar outra vez. Já o fiz por demais vezes na vida. E dessa vez vai ser diferente. O que eu tenho pra te contar, talvez não seja por si só uma novidade... Nunca fiz questão nenhuma de te esconder o que vou falar. Mesmo assim, está mais difícil do que eu pensei. Desculpa".

Alguma delonga e várias linhas depois, o fio da meada. "Acontece que a minha vida mudou. Drásticamente e ao mesmo tempo, gradualmente. Difícil entender quando se está de fora, mas acho que você vai compreender. Do nada tudo girou, tudo mudou. Mas ao mesmo tempo, parece que eu estou sendo preparado para isso, estive aprendendo por um longo período pra que agora não me assustasse. Bom, confesso que estou assustado. Mas acho que se fosse só tão drástico quanto eu falei, estaria beirando o pânico. É engraçado como tanta coisa acontece em tão pouco tempo. E tão pouco tempo parece uma eternidade em algumas ocasiões. A vida é engraçada. Ou pelo menos, tem sido. O motivo da tal mudança na minha vida você está careca de saber. Esse motivo, é você. Obrigado por estar comigo sempre".

E sim, o texto é bem genérico. E mais específico impossível.

----------------
Listening to: Firebug - Coming Home
via FoxyTunes